quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lula escolhido pela Time com o cara mais influente do mundo. É mole?

Caramba! Eles não tem, nem podem ter qualquer interesse subalterno em encherem a bola do Lula. Muito menos de seus seguidores, eleitores, do bando do PT e de todas as pessoas que estão criando o lulismo como versão aprimorada do peronismo em nossas bandas.

Mas, para quem critica o que o Lula faz, o que o Lula diz, a maneira como faz e diz é um balde de água fria.

É algo como o time rival de nosso próprio time ser escolhido como melhor do mundo. Os brasileiros que eles também são, não são os brasileiros com a nossa camisa...

E esta turma lulista vai ser muitas vezes mais chata para aturar do que os torcedores do outro time.

Vamos tratar de valorizar o nosso cara e influenciá-lo - se isto é possível no Olimpo em que ele está habitando - para que tudo isto seja ainda mais positivo para o Brasil.

Um cara que admira o Chávez, os irmãos Castro e outros da lista negra seria ainda mais admirado se com sua fama fizesse os seus amigos mudarem de postura e dizerem que estão fazendo isto por recomendação do Lula.

Não me lembro bem, mas acho que houve uma novela em que um personagem explodia sozinho no último capítulo. Espero que com todo este vento o Lula não fique perigosamente mais cheio de si. E que nós ganhemos alguma vantagem com isto.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Será que você iria escapar do experimento de Milgram?



Quando o homem intencionalmente não considera os valores humanos as conseqüências podem ser assustadoras como foi cientificamente comprovado num teste realizado diante das câmaras de televisão na França há poucos dias – reproduzindo uma experiência feita nos anos 60 nos Estados Unidos.

O teste diante das câmaras, para choque dos que dele tomaram conhecimento, revelou como estudantes universitários bem preparados não hesitaram (mais de 80% deles) em aplicar o que pensavam ser choques elétricos de até 400 volts (causando “desmaios” nos seus “pacientes”) sempre que estes “pacientes”errassem as respostas num questionário realizado sob os auspícios e com a aprovação de professores universitários.

Na TV o experimento foi anunciado como Jogo da Morte.

Cada “erro” nas respostas dos examinados deveria ser castigado com choques elétricos de intensidade crescente por eletrodos presos em seus braços. A “intensidade” dos choques era progressiva e nos controles – visíveis pelos “pacientes” em teste - podia chegar até 400 volts.

Quem estava aplicando os testes aos “pacientes” eram os que realmente estavam sendo submetidos a um teste para definir até onde ia a disposição de seres humanos normais de torturar outros seres humanos, desde que tivessem sido autorizados a isso por quem lhes merecesse confiança.

Franceses em 2010 repetiram diante das câmaras de televisão uma experiência realizada nos EUA pela primeira vez por Stanley Milgram, da Universidade de Yale, em 1961. Os pesquisados em Yale eram estudantes universitários norte-americanos.

Tanto no ano de 2010 quanto nos anos 60 do século 20 os “torturadores” foram formalmente autorizados a aumentar a intensidade dos choques por seus superiores.

Mesmo quando os alunos “torturados” de mentirinha demonstrassem muita dor e sofrimento intenso e pedissem para serem poupados.

Nas duas ocasiões (e em vários outros momentos ao longo destas décadas entre a primeira experiência e a mais recente na França, pois o teste foi aplicado em vários países) mais de 60% dos dois públicos levou a tortura “autorizada” até ao ponto em que alguns de seus pacientes simularam desmaios.

Quando li sobre este teste por volta dos anos 80 referindo-se aos anos 60 desconfiei que sua maior intenção era entender como pessoas com boa formação e boa educação poderiam cometer as barbaridades dos alemães em prisioneiros nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Havia uma busca de razões provadas cientificamente para eximir os alemães - todos os alemães - da pecha de malévolos por crimes cometidos apenas por alguns deles.

Havia ainda um sentimento geral em 1945 (reforçado pela vitória contra as forças do Eixo) de que apesar da guerra ter sido iniciada por nazistas os alemães, os outros alemães - mesmo os que não pertenciam ao partido - compartilhavam os comportamentos impiedosos em relação aos inimigos do governo.

Graças à Wikipedia ao checar os dados para este texto descobri novos detalhes que podem ser vistos de imediato se você digitar “Milgram Experiment” no Google.

Você vai entender como os comportamentos humanos doentios e racionalmente reprováveis ocorrem com os mais diversos públicos exigindo de nós uma atenção especial diante de todas as ordens superiores que venhamos a receber.

O Milgram Experiment começou em julho de 1961, três meses após o começo do julgamento do criminoso de guerra Adolf Eichmann em Jerusalém. Seu criador foi o psicólogo Stanley Milgram da Universidade de Yale e por ela autorizado a executá-lo.

O seu objetivo oficial era “medir a disposição dos participantes obedecerem a uma autoridade que os ordenasse a realizar atos conflitantes com a sua consciência pessoal”.

Milgram publicou as conclusões de sua experiência em 1963 em um artigo no Journal of Abnormal and Social Psychology e em 1974 explorou o tema com mais detalhes em seu livro, Obedience to Authority: An Experimental View, publicado pela Harpercollins (ISBN 0-06-131983-X).

Ora, o teste levou os universitários a “torturar” inocentes até a fase do desmaio.

Nos anos 80 li numa publicação de marketing sobre o teste realizado 20 anos antes. Ao saber agora da experiência francesa até já havia esquecido do criador do teste original. E fui atrás deles no Google.É aprendi algumas coisas novas.

Ao longo de meus anos como professor e palestrante quando percebo sinais de intolerância dos alunos ou da audiência com falhas alheias procuro sempre encaixar a história da pesquisa feita nos EUA nos anos 60 para chamar a atenção sobre a adoção de conceitos muito fechados em obediência a leis ou determinações de autoridades reconhecidas.

Para tornar a história adequada ao grupo interessado em marketing pedia que cada um predissesse quantos por cento dos aplicadores dos “choques” chegaram aos 400 volts demolidores nos “pacientes” que erravam as respostas.

As respostas invariavelmente concentravam-se em torno de 30%, e na minha visão só chegavam a este percentual porque o grupo percebia que eu estava lhes preparando uma pegadinha.

Na verdade eu não estava fazendo nada de novo.

A Bíblia relata a passagem em que Cristo diante de uma mulher adúltera em vias de ser morta a pedradas pela turba furiosa (pois esta era a penalidade legal, autorizada pelos governantes e muito curtida pela população) salvou a vida da moça simplesmente pedindo que “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”(Jo 8:7).”

Por isto mesmo, voltando ao momento presente, se mudarmos a nacionalidade dos “torturadores autorizados a torturar” não teremos surpresas ao constatarmos como capazes de cometer as mesmas barbaridades alemães, franceses, americanos, asiáticos, povos primitivos de todas as partes da Terra e naturalmente latino americanos como argentinos, chilenos e brasileiros...

Os alemães levados a julgamento nos Tribunais de Nuremberg, diziam que “apenas cumpriam ordens superiores”. E que os responsáveis por seus atos, se havia algum responsável, eram os seus superiores.

Os superiores presos e também levados a julgamento atribuíram suas culpas a seus próprios superiores, numa cadeia que terminava (ou começava) na alta cúpula nazista.

Esta “explicação” atribuindo a pessoas mais qualificadas do que elas as ordens para praticar atos contrários a seus próprios sentimentos humanos, foi em linhas gerais adotada pelos economistas de Wall Street em 2008.

Todos seguiam o que faziam outros respeitáveis economistas. Aplicaram recursos imensos no que qualquer um deles se fosse inquirido numa prova, diria ser uma temeridade injustificável.

Há uma frase que ajuda a entender esta disposição criminosa, desde que seja ela endossada por pessoas respeitáveis.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Enquanto a bolha não explodiu, comprovando que os recursos existentes no papel não correspondiam às riquezas por eles representada, foram auferidos grandes ganhos pessoais por todos. E entre estes todos estavam os mais respeitáveis analistas econômicos das mais importantes instituições financeiras do mundo. América, Europa e Ásia.

No caso da economia, apesar de todo o mistério relacionado à interpretação dos números num balanço, não havia nada escondido. Qualquer pessoa que se detivesse analisando o que estava disponível a todos diria que aquilo não fazia sentido.

Portanto, cuidado antes de atirar a primeira pedra.

Será que você se recusaria a dar os choques num teste feito hoje?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dicas para a busca da felicidade ou "Life, liberty, and the pursuit of happiness



A felicidade vem quando o seu trabalho e as suas palavras são um benefício para você e para os outros. Buda

No ultimo feriado em conversa com um amigo de infância e de toda a vida nos perguntávamos sobre o que fazia as pessoas felizes, livres de tensões, livres para gozar a vida.

Concordamos que o dinheiro e todo o poder que ele proporciona não é, nem pode ser, a melhor resposta.

Um cara com todo o dinheiro que possa ter não pode enfrentar os maiores desafios da vida somente com dinheiro e ser capaz de superá-los. Tornando-se mais feliz com isto.

Por exemplo: preciso ou quero viajar, não há vôos para lá, alugo ou compro um avião e pago o que for necessário para chegar aonde quer que seja com todo o conforto e com o mínimo de inconveniências.

Claro que isto é muito bom, mas numa escala de 1 a 10 não chega a um 3 para definir a felicidade obtida.

Talvez se a definição de Buda para a felicidade fosse a regra oficial e única a nota para esta viagem e suas circunstâncias pudesse ser um pouco mais alta, já que um ato como este seria muito proveitoso para muita gente.

O pai deste meu amigo, segundo ele, dizia que tudo o que dinheiro pode comprar é barato.

Um belo conceito, filosófico e moral que não impediu que ao longo da vida tanto ele quanto o filho se dedicassem a fazer coisas que geraram riqueza. Mas geraram também as dúvidas sobre como alcançar a felicidade.

Depois da conversa o tema me voltou à cabeça e me lembrei de uma citação que faço em algumas palestras e aulas quando falo nas reações humanas diante da sociedade.

Trata-se de uma frase na Constituição norte-americana, escrita por Jefferson, aparentemente inspirada pelo filósofo inglês Locke reproduzida no título deste texto.

Assim como temos o “Ordem e Progresso” dos positivistas de Augusto Comte (1798-1857) em nossa bandeira, resumindo a frase toda : “ O Amor por princípio, a Ordem por meio e o Progresso, por fim” os americanos fundamentaram o seu país em “Vida, liberdade e busca da felicidade”.

(Aliás, esta história de positivismo, amor, ordem e progresso é muito pouco explorada por quem estuda a formação atual do Brasil. E que mereceria pesquisa mais profunda, hoje sem os ranços do final do século 19.)

Em relação à felicidade, tema deste texto, Vinicius e Tom definiram e esclareceram muito bem a forma como devia ser vista nesta obra prima:

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar


A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor


Logo, a partir disto tudo fica bem claro a mim que a felicidade não é um destino; é um caminho que deve ser percorrido com atenção e carinho todos os dias de nossas vidas.

Quando chegamos à idade adulta há uma tendência de nos acomodarmos em nossas tocas, em nossas atividades ou empregos, em nossos conhecimentos, em nossos relacionamentos.

Sem sombra de dúvidas, pela mera observação das pessoas e de mim mesmo, a acomodação é sinônimo de inação do decidir não fazer.

Algo que tem o seu momento maior – o não fazer definitivo - com a morte.

Sempre fiquei fascinado por pessoas que pelos mais variados motivos têm ideias sólidas e indiscutíveis em relação a seus temas de vida.

A forma mais chocante destes fechamentos em mundos restritos ocorre com alguns crentes fundamentalistas que não só têm a certeza de que o mundo foi criado todo há 5 ou 6 mil anos atrás, como tudo o que exista ou vá existir decorre desta alienação, desta abdicação da capacidade de pensar.

Também assisti este mesmo tipo de abdicação da capacidade de pensar em comunistas de carteirinha e até há pouco tempo para minha surpresa percebi um laivo de fascismo que preferi não explorar num amigo de amigos numa defesa/justificativa da atuação de Mussolini numa conversa amena sobre comida mediterrânea.

Pensei e acho que pensei bem: para que arranjar um debate que vai azedar esta reunião social, correndo o risco de talvez levar a pessoa a abdicar de uma ideologia possivelmente conservada num armário durante toda a vida, diante de tantas outra pessoas que nada têm a ver com isto?

O radical é um idiota que prefere ficar num canto da sala olhando para a parede sem se voltar para o lado e ver as belezas do mundo por uma janela.

Como não cair na armadilha da imobilização progressiva?

A Internet se tivese sido descrita a qualquer visionário que estivesse imaginando criar uma religião em qualquer lugar da terra, em qualquer época do passado, não tinha como deixar de levar o primeiro lugar como algo merecedor da fé do povo.

Aquela frase famosa de Protágoras sobre o homem ser a medida de todas as coisas se aplica com muito mais propriedade à Internet. A frase completa do Protágoras é ainda melhor:

"O homem ( ou a Internet) é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."

Hoje, pouco mais de 10 anos depois de sua popularização, você encontra na Internet tudo de que precisa saber e tudo o que você precisa informar.

Até cirurgias complicadas já são feitas à distância por cirurgiões ligados pela Internet.

Imagine o que vai acontecer nos próximos anos e nas próximas décadas?

Nós temos diante de nossas mãos e de nossos olhos um menu de possibilidades de mudanças tão grande quanto é o universo. E somente cabe a cada um de nós explorar o que seja de nosso interesse.

Tenho meus defeitos curtidos ao longo dos anos e acho que tudo que possa ser chamado de passatempo é sinônimo de inação. É perda de um tempo que não tem como ser recuperado na vida, cuja extensão – por mais longa que seja – me parece breve demais.

Mas, nesta busca da felicidade não podemos deixar de lado o entusiasmo juvenil em descobrir coisas novas, coisas que nunca fizemos e coisas em que vamos nos arriscar se decidirmos fazê-las.

Pessoas mais idosas tremem de medo diante da possibilidade de errarem em alguma coisa que vão fazer. Têm medo de pagar micos.

Ora , na busca da felicidade, quem não se arrisca não petisca. Pode parecer até um incentivo à contravenção e ao desrespeito aos ordenamentos legais. E até em certos casos será isto mesmo.

Pegue uma revista editada no início do século 20 e veja como gente ousada e desrespeitosa criou ao longo do século 20 a roupa que homens e mulheres (mais mulheres do que homens, é verdade) estão vestindo hoje.

Para tornar a coisa bem objetiva: a sua mãe seria presa em 1900 se aparecesse em público com a roupa de banho que ela usa, ou usou, por mais bem comportada que pudesse ser considerada.

Não há na história do homem melhor oportunidade para repensarmos o que fazemos e tratarmos de fazer mais.

Em nosso benefício em primeiro lugar, mas seguindo a recomendação de Buda, vamos nos tornar mais felizes se tornarmos as nossas novidades um benefício também para os demais, nem que seja uma pessoa adicional.

Se as tristezas não têm fim temos de trabalhar todos os dias para construir uma felicidade nova em folha a cada manhã. Enquanto você estiver vivo ou viva, claro..

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Meio século de muitos obrigados. Muito sinceros.



Na data de hoje, há 50 anos, eu comecei a trabalhar como repórter estagiário no Jornal do Brasil, no prédio da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro.

Desde então ao longo de todos estes anos sempre tive um teclado para escrever o que deveria escrever nos mais diversos ambientes, até chegar aqui em meu lap top meio atônito com a extensão de um tempo de 50 anos passados , mas muito feliz ao constatar as muitas alegrias decorrentes desta estréia há exatamente 50 anos.

Foram 50 anos de contínuo “estágio”, em que eu, com toda a sinceridade que este tempo possa assegurar às minhas palavras, estou sempre consciente de que estou aprendendo todos os dias e que há muito mais a aprender do que tudo o que já aprendi.Ou vá aprender.

Não vão faltar temas novos para apurar, tentar entender e relacionar estes fatos com a vida vivida a cada dia. E saber por experiência própria que a vida vale a pena.
Vale as penas todas que recebemos como preço de estarmos vivos.

Por isto tenho que agradecer neste texto a uma multidão de amigos e amigas que tiveram -sabendo disto ou não- a oportunidade de me ensinar algo.

Começo com o Araujo Netto, que era o chefe de reportagem do JB.

Em abril de 1960 perguntei ao porteiro do JB onde era a redação. Subi o elevador até (acho eu) ao terceiro andar, um espaço antigo, num prédio já antigo, repleto de mesas e máquinas de escrever tendo ao fundo, junto das janelas, a mesa de uma pessoa que parecia ser o chefe.

Naquele tempo ninguém parava você em lugar algum, nem perguntava o que você estava fazendo ali. Fui até ele e disse que achava que era jornalista e se ele podia me admitir como estagiário no jornal.

Não conhecia nenhuma pessoa no jornal e ao fazer a pergunta nem sabia o nome de quem eu estava falando.

Ele me olhou, deve ter feito perguntas gerais, tais como o que eu fazia (estudava direito no Catete – hoje UERJ ) devo ter dito que falava inglês e francês e que escrevia desde criança .

- Olha, a capital vai mudar para Brasília dia 21. Volta aqui no dia seguinte que vamos precisar de estagiário na reportagem.

Pronto, em menos de três minutos agendei a minha entrada numa carreira que me proporcionou grandes alegrias. E muito aprendizado.

Na redação no dia 22 fui rapidamente apresentado aos meus coleguinhas e às minhas coleguinhas a quem o Araujo Netto recomendou que me ajudassem.

Ganhei uma mesa e acho que no mesmo dia fui cobrir a posse de um ministro do trabalho no prédio do Ministério do Trabalho que evidentemente não tinha ainda ido para Brasília.

Neste primeiro momento as minhas coleguinhas que me acolheram com tanta simpatia e graça foram a Ana Arruda (bem antes de vir a casar-se com o Antonio Callado) e a Maria Ignez Duque Estrada. Elas já eram pioneiras no jornalismo e anteciparam meu relacionamento e aprendizado com uma seleção de mulheres que daí em diante foram essenciais na minha carreira.

Tive o apoio delas, no Jornal do Brasil, quando falei com elas de uma matéria sobre as obras que iam começar para fazer o Aterro do Flamengo.

Queria ir lá ouvir e conversar com dezenas de pessoas que viviam nas pedras junto à Avenida Beira Mar, dentro das saídas de rios e esgotos e que iriam "perder as suas casas" com a construção do aterro.

O Araujo Netto aprovou a idéia e me mandou para lá com um fotógrafo também muito jovem – eu tinha 19 anos – o Walter Firmo que havia sido contratado pelo JB há pouco tempo.

O Firmo já era um gênio na captura de imagens dramáticas e verdadeiras e foi graças às suas fotos que obtive a primeira página do JB com a reportagem assinada pelo estagiário. Um momento inesquecível.

A partir daquela data adquiri a certeza de entender muito mais sobre os desvalidos do que qualquer outro pesquisador que não tivesse conversado com alguns deles.

Esta disposição de buscar a informação na própria fonte confiando, mas também desconfiando nas informações repassadas por terceiros, passou a ser um procedimento que só identifico agora como um hábito meu ao escrever este texto.

O que quero transmitir a quem o leia é que cinqüenta anos depois de entrar numa redação pela primeira vez gostaria de continuar este meu longo estágio por quantos anos mais eu possa.

Quero que você que me lê, que trabalhou comigo saiba que considero um privilégio ter trabalhado com tantos amigos, tantos chefes, tantas pessoas, tantas mulheres capazes, tanta gente que me trouxe idéias, tantas que eu pude ajudar em seus sonhos como o Araujo Netto me ajudou ao me aceitar na redação do JB há exatamente 50 anos.

Muito obrigado a todos. Vocês vão ter de me aturar enquanto tiver um teclado ao alcance das mãos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Quem tem o que dizer e quem sabe o que dizer


Está começando o novo processo eleitoral para a escolha do presidente do Brasil.

Tenho participado deste processo como eleitor, como jornalista, como profissional de marketing e como cidadão desde que o Jânio foi eleito em 1960.

E não tenho qualquer dúvida de que as escolhas feitas por nós, brasileiros, tiveram um efeito muito profundo sobre as nossas vidas.

Decisões saídas das urnas pelo apoio maciço dos eleitores determinaram se o país iria para a frente nos próximos anos, ou se tudo iria se complicar para nós diante das determinações governamentais naquele período.

Isto ocorria e ocorre devido à importância que a entidade governo tem sobre o país.

Uma lei aqui, uma medida provisória ali, uma grande falcatrua mantida oculta, um privilégio assegurado a um grupo, tudo isto afeta os recursos de que este grande estado dispõe para redistribuir as "vantagens" para os habitantes do Brasil.

Amanhã Brasília completa 50 anos graças à vontade de Juscelino Kubitschek que desafiado em Goiás por um jovem a cumprir o que dizia a Constituição - mudar a capital para o planalto central - disse que sim.

Se quando o estado planeja fazer alguma coisa e a executa conforme os planos há falhas gritantes em pelo menos metade do que é feito imagine-se a quantidade de falhas quando não existe um planejamento?

Brasília foi um milagre brasileiro, pois foi inaugurada bem inacabada e inacabada permaneceu até hoje, haja vista os escândalos recentes de seu governo local.

Depois de JK elegemos - e por maioria absoluta quando esta ainda não era requerida Jânio. Sete meses depois da posse mergulhamos na montanha russa/trem fantasma que só veio a parar com a eleição do Collor...

Não vou descrever o que todos viram e todos sabem. Quero apenas pedir a sua atenção para os riscos que corremos em aceitar ou repudiar candidatos em função dos dois conceitos presentes no título desta matéria:

Há gente que sabe e merece ser levada ao poder para exercer a sua competência.

Há gente que aprimora a sua apresentação, mas comprovadamente ao assumir o poder mete os pés pelas mãos, e se demonstra incapaz. Incapacitando o país pelos próximos anos.

Ora, estaria eu defendendo ou atacando quais candidatos à presidência?

Tenho a minha certeza de que não existe uma unanimidade ululante em favor do Serra e nenhum repúdio óbvio quanto à Dilma.

Mas, longe de mim ser neutro neste caso. O que recomendo a quem lê este texto é que examine com o cuidado de um médico em busca de sinais de dopping de um atleta tudo o que ele e ela fazem.

E esqueçs o que se diz sobre ele.

Julgue e pelamordedeus vote na pessoa que tenha mais condições de promover o progresso do país.