quinta-feira, 30 de julho de 2009

Toda esta beleza da nossa Terra, me assusta um pouco

Rodei uns 2 mil quilômetros de carro entre o Rio de Janeiro e Chavantes, em São Paulo uma cidade próxima a Ourinhos. Fizemos Teresinha e eu a viagem em 9 horas com as paradas de praxe e a introdução gloriosa do velocímetro oral invenção dela para avisar cada vez que o carro estava acima de 120 km/h.

Mas, o que mais me impressionou nesta viagem foi a constatação da beleza de nossa Terra, não só a Terra brasileira, ou da Terra paulista.

Fui me maravilhando com as belezas de nosso planetinha, com as cores da vegetação, as áreas plantadas gerando alimentos, as cidades, cidadezinhas, vilarejos em que seres humanos trabalhavam (enquanto eu viajava nas minhas feriazinhas) criando novas riquezas.

E novamente me vi preocupado com uma destas minhas bobagens recorrentes: a minha quase certeza absoluta de que nós - em um planeta como a Terra - não temos semelhantes neste universo impossível sequer de ser imaginado.

Não sou maluco sozinho em relação a este tema : Enrico Fermi, o físico italiano, residente nos Estados Unidos e um dos pais da bomba atômica levantou a hipótese de nossa solidão no universo nos anos 40 e a levou até 1954, quando veio a falecer bem moço (nasceu em 1901) mas já laureado em 1938 com um prêmio Nobel de Física.

Fermi especulava que até aquela ocasião nenhum sinal de vida em qualquer lugar do universo havia sido detectado por nós aqui na Terra. E ele considerava seriamente a hipótese de estarmos mesmo sozinhos.

Passaram-se mais de 60 anos. A ciência evoluiu em saltos quânticos neste período e aqui estamos nós em 2009 sem ter detectado qualquer sinal de vida em outros corpos celestes, que dizer de vida inteligente como somos forçados a qualificar a nossa vida...

Sempre que fico mais tempo em contato com o mundo natural, no mar, no campo, fora das cidades não consigo deixar de me maravilhar com a vida a meu redor.

Os mesmos átomos que fazem parte do solo, do ar, das águas daqueles lugares ao se combinarem de outras formas foram capazes de gerar vidas que se renovam e evoluem há alguns milhões de anos.

Nós próprios somos um milagre (cada um ou cada uma de nós) pois somos o resultado desta renovação, destas reproduções sucessivas que mergulham por milhões de anos no passado. Poucas vezes me dou conta deste privilégio genético milagroso e único.

E se realmente Fermi estiver com a razão?

Você consegue imaginar que podemos ter na Terra as únicas formas de vida do universo que nos rodeia?

Numa das últimas descobertas confirmadas pelos cientistas mais capazes me garantem que há mais corpos celestes do que grãos de areia em todas as praias da Terra.Muito mais do que as 6 mil estrelas que vemos a olho nu, numa noite clara.

Se pensarmos que em todo este mundo de areia exista um único grãozinho em que a vida surgiu , e que nós somos parte desta vida é no mínimo assustador.

É um bocado duro - se isto for verdade - estarmos aqui sozinhos neste universo.

Onde ficamos com Deus, com os nossos deuses, com a nossa fé e a nossa razão de existir?

Como podemos imaginar este fato e na verdade como podemos imaginar qualquer coisa?

Dai o meu susto na viagenzinha de férias. Se estamos realmente sozinhos temos no mínimo a obrigação de repensar neste privilégio todos os dias.

E tratar de fazer por merecê-lo embora, reconheço, não tenhamos outra alternativa...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

4ª dica: Tem disposição de aprender e de rever seus conceitos sempre que alguma razão nova se apresente

Em qualquer atividade humana há espaço para o repensar. E em nosso caso específico da comunicação verdades intocáveis acabam por comportar exceções tão expressivas que perdem na mesma hora a característica de dogmas.

O pessoal que trabalha em jornais populares sabe que as manchetes atraem leitores e por isto frequentemente são acusados de não respeitar susceptibilidades, nem o bom gosto e nem mesmo as leis.

No Rio, houve uma manchete histórica ; Matou a mãe sem motivo justo..

Um título antológico dentre outros motivos por adiantar a defesa ou a acusação do culpado.

O que seria um motivo justo para matar a mãe? Será que existe? Seria um atenuante num julgamento por homicídio?

No caso da comunicação de marketing o texto anterior sobre o Não deixe a vida para depois está neste caso de redefinição diante de algum argumento convincente, mesmo sujeito a revisões.

Aliás,esta decisão de poder mudar de opinião é exercida com intensidade acima da desejável por profissionais da política, que se lixam para a oponião pública...

Nós não,nós mudamos eticamente...

Não deixe a sua vida para depois...

Há um bom número de anos desenvolvi uma mala direta para vender terrenos em Búzios numa área anteriormente ocupada por uma salina. O empreendedor tinha absoluta certeza do sucesso de seu novo loteamento e fez questão de exigir que o título a ser apresentado aos possíveis compradores era exatamente este:

Não deixe a sua vida para depois!

Ele deveria estar na ocasião com uns 60 anos ou mais e argumentava com entusiasmo ser esta a frase que de fato impulsionaria os indecisos a investir na esperança dos prazeres a serem vividos na nova casa.

Se há uma palavra que desliga a atenção das pessoas é o NÃO, associada que está às primeiras frustações de todos nós. Por isto a minha consciência profissional se insurgia contra uma criação minha iniciada pelo NÃO fatal.

Mas o cliente insistia, não com a argumentação simplista de que eu sou cliente, portanto faça o que ordeno, mas com o ardor de um evangelista reafirmando ser o NÃO justamente o ingrediente secreto de nossa mala direta.

Segui a orientação dele. E vendemos praticamente todos os lotes com a mala direta enviada aos associados do Diners. Os demais - a minoria - foram vendidos no estande de vendas amplamente divulgado ao longo da estrada.

Nos cartazes o apelo era o mesmo: Não deixe a sua vida para depois!

Hoje de manhã ao me encaminhar para a agência parado num sinal de trânsito em Copacabana vi um cidadão de seus 80 e poucos (ou talvez muitos) anos cruzando a rua Toneleros com um passinho curto, mas com o olhar atento aos carros parados e uma atenção ainda mais especial quando ouviu uma motocicleta chegando entre os veículos parados.

Tranquilizou-se e seguiu até o outro lado da rua, com toda a lepidez que a sua idade permitia.

Foi a primeira vez no dia que a frase do empreendedor de Búzios saiu de algum cantinho oculto de minha memória e surgiu como um cartaz luminoso na minha frente:

- Não deixe a sua vida para depois!

Caramba!

Quando ajudei a vender aqueles lotes em Búzios com aquela frase mágica ainda estava numa fase da vida que Fernanda Torres classificou em seu artigo desta semana na Vejinha Rio como a do homem imortal que segundo ela nos afeta a todos do sexo masculino até os 50 anos.

Ao assistir a travesia do transeunte idoso me dei conta da sabedoria mais profunda da frase e de como seria importante seguir o seu conselho.

Já sabemos, como profissionais dedicados ao convencimento de nosso público, que a tendência de procrastinar decisões é a maior barreira a vencer quando temos a oferta certa, o produto certo, para o público certo. A tendência é deixar aquela decisão e todas as outras para depois.

Tudo que aprendamos para fazer reverter esta preguiça mental de deixar uma área do "nada fazer" para a área do "fazer" é segredo bem guardado das empresas que conseguem obter mais sucesso (mais vendas) e dos profissionais que sabem usar estes recursos.

Me dei conta, ao assistir os esforços do cidadão ao atravessar a rua, que esta "preguiça" não se aplicava somente às decisões de compra: ela é muito mais importante e uma exigência diária em relação às nossas próprias vidas.

Fui plenamente recompensando por este raciocínio deflagrado ao presenciar os esforços do cidadão cruzar a rua um pouco mais adiante: diante do Hospital Miguel Couto seguiam pela calçada uma menininha de seus 2 anos, bem agasalhada (hoje o Rio tem 19° C de temperatura!) e a sua mãe.

Não há para onde ir quando se anda naquela calçada além do Hospital, pois daí em diante há apenas a entrada de veículos dos sócios do Jockey Clube, e quilometros de muros.

Elas iam ao Hospital visitar alguém.

Enquanto a mãe exibia um ar tenso e preocupado, a meninha soltou-se da sua mão e saiu dando uma corridinha saltitante e feliz, risonha e cheia de entusiasmo em direção à porta do Hospital.

Imaginei mil explicações para aquela alegria toda, e fiquei feliz de numa única viagem de automóvel ter me defrontado com a frase aplicada a um idoso e vê-la confirmada alegremente pela menininha.

Ela não estava deixando a sua vida para depois, ela se antecipava a ela com aquela alegria matinal e bem agasalhada em sua corridinha.

Agradeci muito pela "coincidência" de receber uma confirmação imediata quanto à correção de minhas elocubrações no trânsito...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A 3ª dica para que o estudante verifique se tem vocação para a área de comunicação

Aqui vai a terceira dica para que estudantes de segundo grau possam ter mais certeza de que a área de comunicação seja a sua vocação.

Critica com ênfase, mas procura ter sempre a alternativa diante de cada situação.

É difícil ser um bom profissional de comunicação de marketing, ou jornalista uma pessoa agudamente crítica sem que seja capaz de sugerir ou até mesmo definir o que deveria ser feito em lugar do que já exista e seja ruim.

Achar, por exemplo, que um comercial seja uma porcaria e não imaginar como poderia ser melhor é uma falha. Isto levado ao extremo poderia gerar um bom palpiteiro, mas um péssimo realizador.

É preciso ter noção que de maneira geral o comercial ruim é resultado de um investimento apoiado em pesquisa, no conhecimento do consumidor que irá atingir, nas coisas que estes consumidores acreditam e gostam de ouvir ou de ver. Não apenas no palpite de alguém.

Na minha visão os comerciais nascidos do acaso, do eu acho, dos adoros e detestos de um criativo entram na galeria do entretenimento tolo. E a consequência deles é a perda de posição do produto no ranking.

Decepção que podemos ter (e importante lição) é vermos um produto ter o consumo aumentado apesar dos comerciais porcaria que esteja veiculando...

O mesmo se aplica às malas diretas, aos catálogos, ao anúncios, aos spots tudo que comunique a marca ou o produto.

Mas, independente deste risco o crítico que só sabe criticar sem cogitar de outras alternativas na minha opinião não tem vocação para fazer.

Mas. detalhe importante, é muito bom ter esta sensibilidade crítica à flor da pele.

Os comunicadores com vocação devem estar sempre atentos ao mundo que os cerca e fazerem alguma coisa por ele sempre que possível.

Lembro a historinha do general que disse a seus oficiais:

- Isto é um problema tão simples que uma criança poderia resolvê-lo!

Diante da expectativa de que o general dissesse como resolver e de ter ele ficado com cara de indeciso, por mais de um minuto veio a solução do general :

- Chamem uma criança!

Comunicador com vocação não pode contar sempre que alguém vai achar a criança capaz de resolver problemas...

Coisas de Almanaque hoje, no Joaquim Ferreira dos Santos no Globo

Como está dito na apresentação deste Almanaque o marketing deve estar relacionado a tudo o que saia aqui. Mas, Almanaque é Almanaque, tem uma vocação irresistível para abordar temas colarerais, até como no caso de hoje algo que poderia ser classificado pelos mais críticos como anti-marketing.

Hoje, na coluna do Joaquim Ferreira dos Santos, na última página do segundo caderno do Globo, ele cita um e-mail meu para ele concitando-o a desenvolver um esforço para preservar coisas cariocas ameaçadas de sumirem...por falta de marketing.

O tema de meu e-mail valorizado por ele foi a Laranjada Americana uma loja que vende laranjada no balcão - muito antes de se pensar em suco de laranja - isti desde os anos 20 no Rio.

Depois de passar anos sem ir lá, tomei uma laranjada (naquele copos de papel em formato de cone que se encaixam numa base de plástico ou metal) e como numa máquina do tempo mergulhei décadas rumo à minha infância chegando até à Galeria Cruzeiro, que cortava em forma de cruz o térreo do Hotel Avenida na Avenida Rio Branco. O prédio do Hotel (onde também ficava o restaurante Brahma) foi demolido nos anos 50 para dar lugar ao Edifício Avenida Central, um novo marco então no centro da cidade.

Diante do apoio explícito do Joaquim imaginei que deveria fazer um esforço envolvendo gente de marketing e de comunicação em favor dos anti-marketeiros que por sua distração podem fazer sumir coisas boas - como a Laranjada Americana - de um dia para o outro.

Havia um restaurante na Rua São José, também no Rio, chamado "A Minhota", coisa de português do Minho, onde comi pela primeira vez o filé Oswaldo Aranha.

Era o filé Oswaldo Aranha que o Ministro Oswaldo Aranha pedira para eles fazerem, misturando com o filé com alho, o arroz, a batata portuguesa e a farofa numa caçarola geande que vinha à mesa junto com a carne deliciosa. Tudo misturado ao lado do pedaço de carne suculento.

Eu estava na minha vida Rio-São Paulo quando a Minhota fechou, não me lembro se por motivos de sucessão na empresa, ou qualquer outra causa.

Imaginei que as caçarolas e os cozinheiros iriam transferir-se para outros lugares.

Nada.

Há hoje filés Oswaldo Aranha em centenas de lugares, mas nada como o da Minhota, na minha opinião.

Ora, direis, ouvir estrelas...

A quem interessa isto? A quem gosta de alguma coisa e a vê simplesmente sumir sem deixar rastros.

Vou dar outro exemplo bem limitado: o sorvete que o Le Bec Fin fazia e vendia num balcão voltado para a Avenida Copacabana em frente ao Lido.

O que estou propondo aqui:

Criar uma relação de coisas como estas, não necessariamente somente de alimentação, nem apenas só no Rio de Janeiro, mas em todos os lugares que seriam integrados numa lista de bens a preservar dos seus amigos.

Uma espécie de livro de tombamento com uma curta explicação pela inclusão dele na lista. Coisa como a Minhota pelo filé Oswaldo Aranha, e assim por diante.

A lista podia ser desenvolvida e publicada aqui no Almanaque do lado direito de numa coluna que, aliás, preciso aprender como desenvolver.

A lista de São Paulo na minha cabeça inclui um restaurante especializado em peixes perto do Museu do Ipiranga, cujo nome esqueci, o francês do Largo do Arouche, o de filés (feitos como se fossem fondues de carne) da Avenida São João.

Há lugares assim em Paris, Nova York, Caruaru, você é que sabe.

Pergunto a meus amigos o que acham desta idéia marketeira para prevenir o eventual desaparecimento de coisas boas pela ação deletéria dos anti-marketeiros de plantão?

E também o que poderá ser feito pelos nossos grupo de caça fantasmas...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Gosta de debater e convencer os mais próximos de que suas ideias são as mais válidas.

Esta foi a minha segunda recomendação para que os estudantes secundaristas definissem a sua vocação como profissionais da comunicação.

Fiz questão de não exigir uma preferência dos chatos, dos sempre ansiosos de "ganharem discussões" sejam elas sobre o que seja.

O que na minha experiência vejo como necessária é uma cabeça interessada nos temas gerais aos quais tenha pelo menos tenha dado alguma atenção antes de aceitar ou refutar o que possa estar sendo dito sobre ele. Por quem quer que seja.

Não há coisa pior do que a pessoa sempre em perfeita sintonia com os opinion makers de plantão.

Aquela pessoa que vai repercutir "confiante" a opinião do Jabor (nada conta ele, somos amigos e ex-colegas em alguns lugares) ou da Sonia Racy, ou da Miriam Leitão.

Estes são seguidores fiéis que abdicam de fazer a sua própria análise para apropriarem-se como suas, das análises de outras pessoas.

Isto serve para o público em geral, mas não é sadio nem muito menos desejável num profissional de comunicação.

Os riscos de quem tenha este perfil desopiniático são muitos. Dentre eles o de levar pancada da maioria que segue a opinião majoritária, confortavelmente embasada nos conhecimentos e informações de gente "mais capacitada".

Se os geradores de opinião recorrem a dados não apresentados em seus textos podem perfeitamente estar apresentando chutes ou verdades incompletas.

Eu não vi o filme sobre o Simonal, mas acho - pelos depoimentos ouvidos - que aconteceu com o Simonal um julgamento em grande parte injusto e radical que levou a todos que souberam do caso na ocasião a acabar com a sua carreira.

Na nossa atividade profissional que lida apenas com os aspectos mais sutis da inteligência humana é preciso buscar coerência em tudo o que se diga, fale ou escreva. Esta é uma virtude inata, e uma virtude a ser aprimorada constantemente.

Um texto, um projeto, uma proposta de marketing não podem soar como falsos em qualquer de seus pontos.

O Caio Domingues, que foi um dos primeiros chefes meus, e um profissional consistente, criou um anúncio para a sua própria agência, depois de deixar a Thompson em que recomendava a seus possíveis clientes que lessem em voz alta os seus anúncios.

A leitura em voz alta tem a virtude de chamar a atenção para o que temos a tendência de passar por cima quando nos limitamos a passar a vista no texto.

Este simples exercício já levaria muita gente a reconsiderar o que aprovou, ou o que ia aprovar. Atenção: quem deve ler é você e não pedir que alguém leia o texto com as ênfases que deseje colocar.

A consistência neste tipo de discurso só pode ser gerada por quem tenha consistência em sua argumentação. Pronto cheguei à justificativa da minha segunda recomendação!

Tenho horror para uma afirmação ouvida por mim centenas de vezes em apresentações a clientes : - aqui fizemos uma brincadeirinha ...

Brincaderinha que precisa ser explicada é a que não se integra ao contexto correto que deve levar ao convencimento de quem é atingido pela comunicação.

Mesmo que a gargalhada resultante após a leitura possa levar o leitor comprar, e comprar muito o que é anunciado, por isto mesmo jamais pode ser classificada como uma brincadeirinha...

O Ary Barroso tinha um programa de calouros na tv dos primeiros anos. Uma quase certeza do calouro receber o gongo era ele dizer que ia cantar um "sambinha"...´

terça-feira, 7 de julho de 2009

Receita para trabalhar em comunicação

Fui chamado para fazer uma palestra para estudantes de segundo grau incentivando-os a seguirem a carreira da comunicação.

Para eles fiz uma relação de pré-requisitos que aos poucos vou trazer para o Almanaque, com mais comentários e justificativas para o que disse na ocasião.

A primeira virtude mencionada por mim era gostar de gente. Na verdade eu disse textualmente "Ter grande interesse no mundo e nas pessoas".

A comunicação - seja a de marketing seja a jornalística - é direcionada a alguém a quem desejamos influenciar.

O limite da não compatibilidade da pessoa à profissão de comunicador é o total enfado diante de tudo e de todos.

Lembro de um poema de Geir Campos, que teve um trecho recitado por Paulo Autran na peça Opinião há uns 30 anos:

- Só canto quanto vejo nos olhos dos que me ouvem a esperança!

A nossa espécie humana sobrevive da esperança de ser mais feliz a cada novo dia. O comunicador (de marketing ou o jornalista) tem a função de aclarar os caminhos e tornar mais palpável a esperança de melhores dias aos atingidos por seu trabalho.

É preciso gostar muito da vida, do mundo e das pessoas para tornar este trabalho motivo de contínuo prazer.

Detalhe importantíssimo: apesar da turma imensa que torce contra tudo e todos.

Na verdade sem eles o mundo também seria mais sem graça...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Os chineses têm pelo menos 6 000 anos de história

Estive na China semana passada. Fui a Hong Kong e de lá entrei 200 quilometros pela China à dentro. Constatei o óbvio, trazido todos os dias pelo noticiário, coisas como a economia animada, acima dos níveis ocidentais com disposição, fôlego e necessidade de continuar crescendo cada vez mais.

E vi também que apesar das enormes diferenças, a começar pela língua, pratos preferidos, maneira de se comportar em público os chineses em HK e na China propriamente dita são muito parecidos conosco e com os outros povos da Terra em sua busca por melhores momentos em suas vidas.Na verdade esta é a maior motivação em tudo o que fazem.

Apesar do peso do noticiário nos informar que milhões de chineses sobrevivem com salários de um dólar por dia, ou coisa semelhante, há milhares de chineses empreendedores que estão realmente ganhando dinheiro na China e inspirando a estes milhões a buscarem suas oportunidades sabendo que isto pode ser feito num regime comunista.Os chineses que ganham mais são os principais compradores de imóveis de 2 milhões de dólares nos melhores lugares de Hong Kong, para começar.

O que talvez seja a minha constatação mais marcante e que faço questão de transmitir aos amigos é que não há a hipótese de pensarmos na China e nos chineses como merecedores de comiseração devido às dificuldades porque passaram e porque passam ainda milhões de chineses espalhados por todas as suas províncias.

A grande vantagem deles é a esperança fundada de que poderão melhorar as suas vidas e as vidas dos seus familiares pois as portas mais largas, ou mais estreitas, e até as fendas estão abertas.Há condições de ganhar um pouco mais do que ganhavam ontem e de ganhar muitas vezes mais do que ganham hoje.

O problema mais duro a superar não está na China.Está no resto do mundo que nas próximas décadas vai na minha opinião , se adaptar a este novo papel dos chineses em suas economias e no seu dia-a-dia.

Hoje de manhã soube que o Sérgio Cabral assinou um contrato com os chineses para instalação de uma siderúrgica de capital chines no norte do Estado do Rio. E que 70% do minério de ferro exportado este ano pela Vale foi para a China.

Imagino que da mesma forma que nossos antepassados firmavam os olhos inicialmente na Europa, para ficarem por dentro do que estava acontecendo no mundo (Santos Dumont, por exemplo, saiu daqui para inventar o avião na França) e depois nos Estados Unidos da América, criando toda uma terminologia em inglês para identificar novos formatos de negociar e ganhar dinheiro (como marketing e shopping centers) nos próximos anos todos seremos levados a buscar inspiração na China.

Conversei com eles com o olhar de jornalista e repórter combinado com o de marqueteiro e aprendi muito como ser humano- o que foi o maior beneficio desta minha viagem.

Vou daqui em diante tocar mais nesta questão chinesa, pois pretendo ficar cada vez mais atento ao que eles fazem, pois nos seus mais de 6 000 anos de civilização contínua inventaram algumas coisas que todos usamos: bússola, pólvora, papel, impressão, literatura, poesia, artes visuais, tecidos de seda, e muito mais.

Desta caixa vão sair muito mais novidades...